terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Pessoal,
Bom dia!
Em junho de 2007, meu professor de Filosofia e Ética solicitou que refletíssemos sobre a seguinte questão "É possível criar Inteligência Artificial?". Tínhamos como base o filme Inteligência Artificial e o livro O imaterial: conhecimento, valor e capital (Capítulo 4: ...Ou rumo a uma civilização pós-humana). Como o tema é interessante, resolvi compartilhar com vocês o resultado da minha reflexão:
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É POSSÍVEL CRIAR INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL?
A resposta será SIM se considerarmos uma das definições de inteligência fornecidas pelo dicionário Aurélio:
FACULDADE OU CAPACIDADE DE APRENDER, APRENDER, COMPREENDER OU ADAPTAR-SE FACILMENTE, INTELECTO, INTELECTUALIDADE.
Nos últimos anos, podemos observar uma série de avanços dentro da I. A. (Inteligência Artificial) que permitem a criação de “dispositivos inteligentes”, podemos citar, por exemplo, as Redes Neurais Artificiais, que permitem que o sistema “aprenda” e evolua.
Mas concordo com o autor André Gorz quando ele disserta sobre conhecimento e inteligência, deixando claro que os dois são diferentes – a inteligência está ligada às nossas experiências, ela é desenvolvida de acordo com as situações que enfrentamos (página 79). Além disso, na página 78 ele fala que “a inseparável da vida afetiva”.
Obviamente, para poder responder SIM a questão utilizei um definição mais simplista de inteligência. E sinceramente espero que a I.A. se desenvolva em um caminho onde “sistemas especialistas” possam realizar melhor que o homem trabalhos que envolvam “alto risco” (por exemplo, localizar minas ainda ativadas em alguns países da África), e também onde possa apoiar a pesquisa para a cura de diversas doenças.
Mas aqui entramos em mais uma questão discutida tanto no filme quanto no texto: Até onde queremos chegar com isso?
Alan Turing já defendia a idéia de que “a alma dos homens podem ser transferidas às suas máquinas” (página 84). Em contrapartida, o filme invalida essa afirmação ao dizer que “só orgas – humanos – acreditam no que não pode ser visto ou medido” (1:33 do filme, diálogo entre o Gigolô Joe e David) e que “os humanos possuem ‘espírito’... criaram milhares de explicações para o sentido da vida” (2:08 do filme, diálogo entre David e possível extraterreste).
O filme representa a realização de uma façanha que é discutida no texto de André Gorz, onde um robô é capaz de sonhar e amar. Mas também apresenta um futuro “distante” onde os robôs e humanos estão à beira de uma guerra, alerta também deixado pelo autor.
Acredito que mesmo que a ciência evolua ao ponto de permitir a criação de “Máquinas Humanas e Homens-Máquina” (página 94), temos uma série de questões morais e éticas a serem consideradas. A idéia de um projeto para “melhorar a espécie humana” me faz lembrar das experiências bizarras realizadas pelos nazistas, onde desejava-se provar a “superioridade” da raça ariana. Por essas e outras, esse é um assunto muito delicado.
Steven Spilberg (diretor do filme I.A.) deixa o seguinte alerta: “De certa forma, precisamos ter limites para os nossos avanços, limites éticos, morais e limites que nos digam ‘Ei! Não podemos mexer com isso!’”
Também temos o alerta deixado por André Gorz na página 88 do livro: “A abolição da natureza tem como motor não o projeto demiúrgico da ciência, mas o projeto do capital de substituir as riquezes primordiais, que a natureza oferece gratuitamente e que são acessíveis a todos, por riquezas artificiais e comerciais: transformar o mundo em mercadoriais das quais o capital monopoliza a produção, posando assim como mestre da humanidade.”
Conclusão
Quando consideramos “sistemas especialistas” apoiando atividades humanas de alta complexidade e periculosidade podemos dizer que é possível a criação de I.A.. O que eu acredito não ser possível(concordando com o autor) é a utilização de sistemas de I.A. para realizar a eugenia da raça humana. Por isso, esses estudos devem ser apoiados por um código de ética mundial, não permitindo o controle por uma única nação ou grupo de pessoas restrito.
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Bom pessoal, é isso... Fiquem a vontade para enviar seus comentários! Talvez possamos iniciar uma discussão sobre o assunto.
Ótimo 2008 para todos!
Um abraço e muito obrigado!
Alessandro.

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá!!!
Gostei muito da sua redação, apesar de não gostar nenhum um pouco do filme IA. O tema é bastante polêmico, porque além da questão ética existe a questão religiosa, que é insuflada pelo ilusionismo e autosuficiência.
Encontrar pessoas que trabalham para o bem com a questão da IA, é uma questão que tem que ser bem discutida, porque nem todos tem o mesmo entendimento sobre o que realmente é ética e a crença em um ser divino e isso faz toda a diferença na minha vida e na vida de todos os seres humanos!
Feliz 2008!!!

Anônimo disse...

Cada questão que você coloca!
Essa daria livros...

Bom, o filme deve ser visto. Apesar do Spielberg, que, dessa vez perdeu a mão.

Acho o argumento original do Kubrick genial. Não conheço os detalhes do original, mas a idéia do autor é cativante.

Ele trabalha com uma questão já antiga da filosofia que é a racionalidade x vontade. Por Vontade podemos entender tudo o que nos move, nos empurra adiante. O que será que será?

A inteligência sem um projeto, sem uma ambição, é paralisante. Não encontrará um motivo para transformar o mundo e si própria. Simplesmente tudo o esforço necessário não seria racional (sem um projeto e a intenção - desejo - de realizá-lo). Tudo tenderia ao equilíbrio,se quiserem, à entropia.

Movida pela vontade (ou desejo), a inteligência humana cria. Desequilibra. No sentido de inventar e produzir. A inteligência humana não é meramente razoável...

Amor é um dos aspectos da emoção, exageradamente explorado pelo Spielberg, e certamente não pelo Kubrick. Emoção está na jogada, vejo-a como fundadora da Vontade. A Vontade, aliás, é resultado de processos emocionais.

O filme pensado pelo Kubrick, me parece, trataria da questão: Como colocar numa máquina essa capacidade de vontade e de real criação, tão fundamentais para a inteligência humana? Isso seria realmente possível? E se se conseguir essa façanha, qual o termo "artificial" ainda teria sentido?

Para além de considerações éticas imediatas e sempre importantes, imaginem um cenário no futuro quando o sistema solar não poderá mais manter vida baseada no carbono. Nem a galáxia. Talvez nem mais o universo. Nossa única alternativa seria a migração de suporte! Há autores que se colocam essa questão!

Qual vai ser o desenrolar dessa história? Dou um doce a quem me contar.

Augusto

Anônimo disse...

oi passei por aqui, gostei, bjs

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