quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Uma reflexão sobre a Guerra

Entre janeiro e fevereiro de 2012, participei do curso Uma História das Grandes Guerras, realizado na Casa do Saber. O professor foi Leandro Karnal, um cara que dispensa comentários! Não somente pelo vasto conhecimento sobre o assunto (já esperado de alguém que tem vários livros e artigos publicados, além de ser professor da UNICAMP e de diversos cursos na Casa do Saber), mas principalmente pela forma "acessível" como apresenta os temas e consegue manter a atenção de todos. A sala estava cheia, e boa parte dos alunos já tinham participado de outros cursos dele.

Durante as cinco aulas refleti sobre diversos assuntos, este texto é resultado da reflexão que fiz após a primeira aula...

Qual é o motivo do interesse pelo tema GUERRA? 

O fato é que a sala não estava cheia somente por causa da reputação do professor, mas pelo fato do tema GUERRA despertar o interesse da maioria das pessoas.

E de onde vem este interesse?

O ser humano cultiva uma admiração pela guerra e pelo guerreiro. Quer um exemplo? Por que você acompanha a UFC? Qual é a sua motivação para assistir um cara sentando o pé na cara do outro? Ou, como diria o Galvão Bueno, qual é a sua motivação para acompanhar os Gladiadores do Terceiro Milênio?

Estes não são Gladiadores do Terceiro Milênio
Quer outro exemplo?

Já ouviu falar de Winston Churchill, não é? Talvez você até já tenha postado alguma frase dele no seu Facebook... E de Clement Attlee? Aposto que só descobriu quem é agora, após clicar no link. Pois é... No mínimo, ambos deveriam ter a mesma popularidade, pois Attle foi o cara que trabalhou MUITO para levantar a Inglaterra após a Segunda Guerra Mundial e levá-la novamente à prosperidade econômica. Dá uma "googlada" que você vai ver.

Considerando a importância histórica dos dois, o que faz com que somente Churchill seja conhecido? É o fato da guerra sempre predominar sobre a paz.

Há quem defenda (ou defendeu) a ideia de que o "gênero humano" é portador de violência e que a "natureza humana" é excludente, violenta e intolerante. Será que essas visões pessimistas são exageradas? Talvez...

Quem acompanha futebol, durante vários momentos do ano tem a oportunidade de ver demonstrações dessa "natureza violenta". Inclusive, o termo "guerra" é usado frequentemente para descrever o que acontece entre algumas torcidas.
Como diria o "filósofo" Mano Brown "pra quem vive na guerra, a paz nunca existiu"
As pessoas que possuem um perfil mais tolerante e voltado para a negociação muitas vezes são tachadas como "fracas". Aquelas com o perfil enérgico e intolerante são classificadas como fortes.

Não foi a proposta do curso (e nem é a proposta deste texto) encontrar um motivo ou ficar divagando sobre a fonte do nosso interesse pelo conflito, mas não dá para ignorar quão interessante é refletir sobre este assunto.

Além de ser um fato único (nenhuma guerra é igual a outra) a guerra é a chave da transformação (no mínimo, dos países ou etnias envolvidos no conflito). Justamente por isso, o retrato de uma guerra "costuma" ser muito bem documentado. Deixo o costuma entre aspas, pois, pensando um pouco mais, concluo que há conflitos por aí que pouca gente comenta ou se interessa (inclusive, esse foi o tema de uma das aulas do ótimo curso apresentado pelo Jaime Spitzcovsky em 2010: As Guerras do Século 21).

Se considerarmos que os conflitos atuais não são somente País A versus País B (guerra simétrica), mas, principalmente, País A versus "Forças Revolucionárias XPTO" ou País B versus "Grupo Separatistas OTPX", dá para concluir que deve ter muita coisa rolando por aí...


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Juntando a relevância do tema guerra em nosso dia-a-dia e a admiração que temos pelos guerreiros, fica fácil entender porque admiramos o Anderson "Spider" Silva e outros "gladiadores do terceiro milênio".

Temos paciência para suportar a narração do Galvão Bueno, torcer pelos "guerreiros brasileiros" nas lutas do UFC e comentar cada combate nos Facebooks da vida. Mas como torcer é pouco para quem também é guerreiro, compramos e usamos os produtos licenciados da marca UFC.

Toda nação tem os seus heróis, os seus guerreiros. São aqueles caras que, por causa das suas conquistas, tornam-se admirados, adorados e seguidos; viram um exemplo.

Houve a época do Ayrton Senna, do Guga e do Ronaldo. Hoje temos o Anderson "Spider" Silva, Neymar e outros.

Minha dúvida é: Não deveríamos rever os "guerreiros" que admiramos hoje? Se quero escolher alguém para seguir, não seria melhor escolher alguém que vá além de ser bom em um esporte, mas que realmente faça a diferença?

Provavelmente você não se lembra, mas um "guerreiro brasileiro" morreu em 2003 no Iraque. E não foi por causa da habilidade com armas que ele é digno de ser lembrado, mas através da defesa da paz, da democracia e na resolução de conflitos entre Países.

Estou falando do Sergio Vieira de Mello, funcionário da ONU durante mais de três décadas. Ele tornou-se o brasileiro mais bem sucedido dentro da hierarquia da ONU. Uma das suas tarefas mais difíceis foi o governo interino do Timor Leste, durante seu processo de independência (1999-2002).

Sergio Vieira de Mello
Será que um dia teremos um filme (fora do circuito "cult") contando a trajetória deste cara? Acho difícil... Mas se você quiser saber mais sobre este guerreiro, leia o livro "O homem que queria salvar o mundo".

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Após esta reflexão, vou pensar antes de usar a minha camiseta da UFC e de compartilhar as frases do Anderson "Spider" Silva no Facebook...

2 comentários:

Unknown disse...

oi professor, tudo bem? aqui é o orlando do curso da jovem aprendiz do carisma lembra? curti seu blog e ja estou seguindo, segue o meu tambem! http://b-or7.blogspot.com.br/ forte abraço!

Alessandro Almeida disse...

Oi Orlando!

Agradeço o comentário!

Visitei o seu blog e gostei! Parabéns pela iniciativa!

Estou seguindo no Facebook.

Abraço!

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